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Por que panos se coze a história?

Do coletivo corisca: entre outras ações artísticas, a exposição no Centro de Monitorização e Investigação das Furnas e uma instalação no Mercado da Graça: “Conhecemos bem histórias das guerras e das coisas que destroem, mas muito pouco sobre a História do que (ou de quem) acolhe a vida. Aprendemos isso com as companheiras da UMAR – Açores há um ano, quando nos encontrámos para conversar sobre a participação das mulheres no cozido das Furnas, na Ilha de São Miguel.”

“É uma participação silenciosa e tantas vezes não visível: longe da vista de todos, são sobretudo as mulheres quem prepara as panelas: preenchidas por camadas e embrulhadas com tecidos resgatados da história familiar, as panelas, contentores da vida, evocam receitas que passam por gerações e cozem o nosso alimento e a possibilidade dos nossos encontros.

A partir da criatividade entográfica mas também destas conversas em comunidade, o coletivo corisca desenvolveu ao longo de dois anos uma reflexão artística sobre esta invisibilidade e o paralelismo entre as mulheres e a exploração da terra como recursos inesgotáveis. Assim se originou, entre outras ações artísticas, uma exposição no Centro de Monitorização e Investigação das Furnas e uma instalação no Mercado da Graça.
Aí, máquinas agrícolas, ensaios visuais e excertos sonoros desses momentos de partilha, encontraram-se para trazer a lume fragmentos das vidas quotidianas consideradas pouco heroicas, e, como tal, pouco dignas de protagonismo.
O coletivo corisca agradece, com tanto gosto, o convite da UMAR para esta coluna de liberdade.”

|| Mafalda, Maria e Sancha – coletivo corisca.
Em Asas da Igualdade, Açoriano Oriental, 28 maio, 2022
FOTO: autoria de Mariana Lopes