As Portas que a UMAR Abriu
A UMAR: União de Mulheres Alternativa e Resposta nasce, em Lisboa, em 1976, e inicia atividade nos Açores nos anos 80, levando à criação, em 1993, da primeira Delegação Regional, em São Miguel, já no séc. XXI, a UMAR-Açores assume o estatuto de Associação em 2008, com delegações nas ilhas da Terceira e do Faial, e atividade nas ilhas do Pico e Santa Maria.
Este livro pretende relatar a história da UMAR nos Açores, retratando várias etapas de três décadas do caminho trilhado pela emancipação das mulheres, e identificando pontos de referência do trabalho de ontem e de hoje, assim como perspetivas e desafios que se colocam no aprofundamento do trabalho feminista e da promoção da igualdade de género na região.
Na primeira metade do sec. XX, escreve a autora inglesa Virgínia Wolf:”(…)pensei em como é desagradável ser trancada do lado de fora, e depois pensei em como talvez seja pior ser trancada do lado de dentro” (A room of One’s Own, 1929). Na segunda metade do século, com os movimentos sociais do pós-25 de Abril de 1974 em Portugal, a UMAR nasce em 1976, na aura de “as portas que Abril abriu” de Ary dos Santos.
Com tempo, o espírito da UMAR atravessa o mar e chega aos Açores.
Em 1997, já como Delegação Regional, a UMAR nos Açores, entendendo ser a violência doméstica e de género das maiores barreiras à libertação das mulheres e à igualdade de género na região, criou o Projeto SOS Mulher, pensando nas mulheres que, trancadas do lado de dentro de sua casa, da sua família, da sua relação amorosa, sofriam violência e maus-tratos. Em 2008, a Delegação Regional assume autonomia, transformando-se na UMAR-Açores, Associação para a Igualdade e Direitos das Mulheres, com delegações e atividade em várias ilhas do arquipélago.
Foram muitas as portas que a UMAR abriu, primeiro no Continente, depois nas ilhas no antes e no pós-25 de Abril, destaca-se o papel importante da UMAR-Açores na defesa dos direitos humanos, que naturalmente englobam os direitos das mulheres, contribuindo de forma determinante para derrubar as barreiras à emancipação feminina nos Açores, numa luta para apoiar as mulheres vitimadas, por vezes “trancadas” do lado de dentro e de fora, para que as portas da liberdade se abrissem, também, para elas, o “segundo sexo” no dizer de Simone de Beauvoir (1979), a outra metade da humanidade.
O 25 de Abril de 1974 abriu espaços de liberdade e igualdade na sociedade portuguesa, para os homens e para as mulheres. Mesmo assim, os espaços abertos eram diferenciados, mais estreitos para elas, também nos Açores. Havia que se esboçar novos rumos…
Esta é a História das primeiras três décadas da caminhada trilhada nesse sentido pela UMAR nos Açores. Esta é a História da luta travada , com grande convicção e dedicação, para alicerçar o percurso e alargar os horizontes da sociedade açoriana segundo os melhores padrões igualitários, sempre nas Asas da Igualdade, como no voo do Açor que deu nome ao arquipélago.
Clarisse Canha e Rosa Neves Simas