Iniciando o 15º Ano, em prol da Igualdade
2021-01-30
2021, o 15º ano da nossa página Nas Asas da Igualdade, já me trocou as voltas! Tinha começado a organizar um tema para este ano, mas não posso deixar de referir o batom vermelho que pintou esta campanha presidencial de misoginia, levando ao protesto viral #vermelhoemBelem.
Quem diria! O bombástico candidato da extrema direita, fiel ao seu discurso venenoso, ruidoso e perigoso, insultou tudo e todos, dizendo que a candidata Marisa Matias “não está bem em termos de imagem, com aquele batom vermelho, como se fosse uma coisa de brincar”.
Custa acreditar, mas vindo de quem vem, este insulto, acompanhado do gesto de aplicar batom nos lábios, acaba por dizer mais sobre o próprio interlocutor, machista, manhoso e maldoso.
Para além de papaguear a linha misógina de denegrir a mulher pelo seu físico, este insulto tem laivos claramente sexuais. Insinua que a mulher é um sex toy, enquanto expressa os desejos reprimidos do interlocutor misógino. Pois, o vermelho é conotado com o coração, amor, desejo, e por extensão, com o sexo, estímulo, apetite e pecado.
A reação e indignação foram imediatas, e chegaram além-fronteiras. Pelo menos isso, já que, em mais de quatro décadas de democracia, as candidatas presidenciais em Portugal continuam a luta para chegar a Belém, sem sucesso. Maria de Lourdes Pintasilgo foi a primeira, em 1986, com 7% dos votos. Marisa Matias chegou aos 10% em 2016, enquanto Maria de Belém ficou nos 4%. E Ana Gomes conseguiu 12,97%, neste 2021.
|| Rosa Neves Simas
Asas da Igualdade, Açoriano Oriental, 30 janeiro, 2021
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