Lembrando a Zuraida, Lutando pela Igualdade
2020-03-02
O ano de 2020 já nos trouxe, para além das peripécias e desgraças lá fora, uma triste notícia aqui nos Açores. No dia 8 deste mês, Zuraida Soares faleceu, e ficamos, todos e todas, mais pobres, menos nobres
Tive o gosto de conhecer a Zuraida na Universidade dos Açores, na década de 1990, e percebi logo que era uma mulher excecional, empenhada em lutar por uma sociedade mais justa e igualitária. Por isso, não me admirei quando, depois de mais de vinte anos dedicados ao ensino, a Zuraida concentrou a sua atividade na política, como líder e deputada do Bloco de Esquerda, nos Açores.
De facto, a sua intervenção política e cívica vinha da faculdade, quando estudava Filosofia na Universidade Católica e se empenhou na luta antifascista. Mais tarde aderiu ao movimento que fez nascer o Bloco de Esquerda, do qual foi fundadora em 1999.
Expressão eloquente da sua dedicação à luta pela igualdade são as palavras que dirigiu ao colega bloquista Miguel Portas, quando este morreu em 2012: “O Bloco chegou-me pela tua mão…não concebo outra maneira de te prestar homenagem que não seja esta: reinventar, a cada momento, todas as lutas possíveis, em nome da dignidade humana e da construção de um mundo sem donos”.
Mas talvez a expressão mais duradora das conquistas desta colega feminista aconteça cada vez que, depois de ela tanto ter insistido, um orador ou uma oradora, em vez de utilizar o masculino para o todo, fala de “açorianos e açorianas”. Bravo, cara Zuraida!
Rosa Neves Simas
Asas da Igualdade, 29 de Fevereiro, Açoriano Oriental
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